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Um conto de fadas eslavo sobre o amor



“Era uma vez um casal que se amava muito. Eles viviam felizes em uma casa simples, mas aconchegante. Eles não tinham filhos, mas viviam como dois grãos em uma espiga de milho. Um dia, o marido saiu para trabalhar no campo, como fazia todos os dias. Ele prometeu voltar antes do pôr do sol e beijou sua esposa com carinho. Mas, quando ele voltou, ela não estava mais lá. A casa estava vazia e silenciosa. Ele chamou por ela, mas ninguém respondeu. Ele procurou por toda a parte, mas não encontrou nenhum sinal dela. Sua querida esposa tinha sumido sem deixar rastro. Ele ficou arrasado, sem saber o que fazer. Ele pensou que talvez ela tivesse sido sequestrada por algum bandido ou levada por alguma fera. Ele jurou que não descansaria até encontrá-la e salvá-la.


Ele viajou por muitos dias e noites, enfrentando perigos e dificuldades. Ele perguntou a todos que encontrava se tinham visto sua esposa, mas ninguém sabia de nada. Ele atravessou florestas e desertos, montanhas e vales, rios e mares. Ele chegou a um lugar onde havia um lago enorme, cercado por uma névoa espessa. Ele viu uma cabana de madeira na margem do lago e decidiu bater na porta. Talvez alguém pudesse lhe dar alguma informação. Mas, quando ele entrou na cabana, uma mulher velha e feia o recebeu com um grito. Ela disse que ele era um louco, que ele tinha entrado na casa do Rei da Água, o senhor de todos os seres aquáticos. Ela disse que ele devia fugir dali o mais rápido possível, pois se o Rei da Água o encontrasse, ele o comeria vivo. Ele implorou que ela o ajudasse, que ele só estava procurando sua esposa. Ele disse que ele a amava mais do que tudo e que não podia viver sem ela. Ele pediu que ela o deixasse ficar ali por uma noite, pois ele estava exausto e faminto.


Ela, com pena, concordou em escondê-lo atrás do fogão. Logo depois, o Rei da Água chegou em casa. Ele sentiu o cheiro de carne humana e perguntou à mulher quem estava ali. Ela, tremendo, contou a verdade. O Rei da Água ficou furioso e ordenou que ela lhe trouxesse o intruso. O homem saiu de seu esconderijo, com medo, mas com coragem. Ele disse que não queria ofender o Rei da Água, que só estava procurando sua esposa. Ele disse que ele a tinha perdido há muito tempo, que não sabia onde ela estava e faria qualquer coisa para tê-la de volta.


O Rei da Água ficou impressionado com a devoção do homem por sua esposa e resolveu poupar sua vida. Porém, ele disse que não podia ajudá-lo, pois não sabia de nenhuma mulher que se parecesse com ela. Aconselhou que procurasse seu irmão, o Rei do Fogo, que talvez soubesse mais. O homem agradeceu ao Rei da Água e seguiu seu caminho.


Mas o Rei do Fogo também não pôde ajudá-lo e o mandou procurar seu outro irmão, o Rei do Ar. Mas o Rei do Ar, que tinha voado por todo o céu, só pôde dizer que tinha visto uma mulher muito bonita no topo da Montanha de Cristal.


O homem ficou esperançoso e foi em direção à Montanha de Cristal, que ficava perto de sua casa. Ao chegar lá, ele começou a escalar a montanha e alguns patos que estavam no lago aos pés da montanha o avisaram para não subir, pois ele encontraria a morte. Contudo, ele continuou, sem medo, até chegar a algumas cabanas feitas de palha e viu ali uma multidão de bruxos e bruxas que perguntaram o que ele queria. Ele disse que queria sua esposa. Eles disseram que ela estava lá, mas que ele não poderia levá-la, a menos que a reconhecesse entre duzentas outras mulheres. Ele disse que isso era fácil, pois ele reconheceria sua esposa entre milhões. Ele a viu e a abraçou. Ela, surpresa por vê-lo, o beijou.


Ela comentou que ele tinha conseguido reconhecê-la naquele dia, mas que no dia seguinte seria mais difícil, pois haveria muitas iguais a ela. O melhor seria ele ir ao centro da Montanha de Cristal, onde morava o Rei do Tempo e sua corte. Ele deveria perguntar a esse Rei como ele poderia reconhecê-la. Se ele fosse fiel e sincero, o Rei do Tempo o ajudaria. Mas se ele fosse infiel e falso, o Rei do Tempo o congelaria para sempre.

Ele perguntou a ela por que ela tinha sumido tão de repente. Ela contou que não o deixou por sua vontade, um feiticeiro a tinha levado para ver a cachoeira perto da montanha. Quando chegaram lá, ele borrifou um pouco de água sobre si mesmo, e imediatamente asas cresceram em seus ombros, e logo ele mudou completamente sua forma para a de um pato. Então, ela também se tornou um pato, e foi obrigada a segui-lo.  Ela disse que só podia voltar à sua forma humana naquela cabana, mas que ele teria que reconhecê-la entre muitas outras. Eles se despediram e ele foi ao centro da Montanha de Cristal, onde ficava o castelo do Rei do Tempo.


Lá, ele encontrou doze servos que guardavam um relógio gigante. Ele pediu ajuda a eles, mas eles disseram que só o rei podia ajudá-lo. Então, do meio do relógio, surgiu um homem de cabelos grisalhos, que lhe deu uma dica: sua esposa teria um fio preto no sapato de seu pé direito. Depois de falar isso, ele desapareceu, e o viajante, agradeceu aos doze servos e voltou para a cabana. Lá, ele procurou pelo fio preto e achou sua esposa. Os bruxos tentaram impedir, mas o encanto se quebrou e eles puderam voltar para casa, onde foram felizes para sempre.”


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