Para os alemães, os pomeranos eram os ‘primos pobres’ do Norte. Os brasileiros os viam como um povo isolado. O rei da Prússia Frederico II, que reinou de 1746 a 1786, os classificou como “bons soldados e excelentes agricultores”. Vamos entender melhor de onde eles vieram, por que migraram e que contribuições trouxeram ao nosso País. Amanhã (sexta-feira), falaremos sobre as mulheres pomeranas e sábado traremos um Glossário de curiosidades para encerrar nosso breve Storytelling sobre o povo da Pomerânia. Para saber mais será preciso ler o meu livro – a primeira edição da trilogia – e a segunda, que logo sairá do forno.
Onde viviam
A Pomerânia, que não existe mais no mapa da Europa, era uma área de 38.000.409 km² localizada ao norte da Polônia e da Alemanha, na costa sul do Mar Báltico, pertencente ao Sacro Império Romano-Germânico até o começo do Século 19, tornando-se posteriormente parte da Prússia e, mais tarde, terminada a Segunda Guerra Mundial, dividida entre a Polônia e a Alemanha.
Origens
Antes das migrações, a Pomerânia era povoada por diferentes grupos étnicos que iam e vinham, entre eles os ruguérios e lemovérios, tribos góticas e antigos germânicos. Mais tarde, os ruguérios e lemovérios deixaram para trás aqueles que decidiram permanecer em terras junto à Costa Báltica e seguiram para a Itália (456 d.C.). No lugar deles vieram os sorábicos (wenden), povo que deixou as terras ao longo do rio Dnieper (Ucrânia). Eram de origem eslava, mas pertenciam aos grupos indo-germânicos. Como também eram loiros e de olhos azuis, mas de estatura menor, juntaram-se com os ruguérios e lemovérios que ficaram nas terras pomeranas, preservando a cor dos cabelos e dos olhos. Da junção desses povos nessas terras próximas ao Mar Báltico, originou-se o nome de Po Morju, palavra sorábica, que significa habitantes que vivem ao longo da costa do mar.
Imigração
A Pomerânia sempre esteve em disputa devido à localização geográfica e a migração dos pomeranos para o Brasil foi marcada por muitos conflitos. No início do Século 19, a Prússia era majoritariamente rural, o que foi um problema diante da revolução agrícola que alavancou o processo de industrialização, colocando os pomeranos na miséria. A falta de oportunidades e as duras condições de trabalho nos campos da Pomerânia os levou a buscar melhores condições de vida e terras próprias para cultivar.
Na outra ponta, urgia a necessidade de resolver o baixo índice populacional além de substituir a mão de obra escrava, o que tornou a imigração de europeus uma estratégia capaz de ocupar as terras inabitadas e desenvolver atividades econômicas. A chegada no Brasil foi marcada por grandes débitos oriundos do translado e pelo compromisso de trabalhar para saldar essas dívidas. Paralelemente a isso havia a dificuldade de acesso, uma vez que os imigrantes foram destinados a regiões ainda não colonizadas e de mínima infraestrutura. Precisaram abrir estradas e desmatar as terras para depois desenvolver a pecuária e a agricultura que vieram a abastecer o país. Mas a promessa, por parte do governo imperial, de torná-los proprietários agrícolas valia o esforço.
Onde estão
Os pomeranos migraram primeiro para colônias nos EUA, no Brasil (em três estados: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo) e na Austrália. No Espírito Santo está uma das maiores colônias pomeranas do mundo: cerca de 140 mil pessoas, a maioria morando em Santa Maria do Jetibá, na região serrana capixaba. Em todo o Brasil há cerca de 300 mil pomeranos. Mas também existem grupos na África do Sul, América Central, Canadá e Chile. Há, hoje, grupos em outros lugares do Brasil, como Rondônia, mas eles chegaram numa segunda etapa migratória.
Vocação
Os pomeranos possuíam vínculo com as águas e com o meio ambiente graças ao paganismo eslavo, onde o culto aos seres da natureza e das florestas ocupava boa parte das práticas religiosas. Contudo, a vocação principal sempre foi a agricultura. Chegaram a ser, em 2008, os maiores expoentes na agricultura do Espírito Santo, destacando-se pela produção de ovos – então a segunda maior do país.
A maioria das famílias pomeranas que imigraram era de camponeses, pois desde a Pomerânia trabalhavam para os senhores feudais latifundiários. Hoje, os pomeranos são agricultores familiares, de base camponesa.
Há diferenças conceituais entre agricultor familiar, de base camponesa, e Colono. Na atualidade, o Colono desenvolve agricultura de larga escala, ele planta para comercializar e visa lucro. No processo da Agricultura Familiar, o camponês desenvolve uma relação estreita com a terra e a sua condição de permanência para as novas gerações. As atividades buscam suprir primeiro a necessidade das demandas familiares e está muito presente a policultura, pois além de plantio, também existe diversidade em criação de animais para fins de uso doméstico como aves, suínos e gado. O excedente dessa produção é comercializado para satisfazer as necessidades de produtos que não são possíveis serem gerados na propriedade.
Esse modelo se formou porque os imigrantes costumavam trabalhar em grupo, compartilhando as atividades produtivas e seus frutos. Como as famílias eram numerosas, o nascimento de um filho simbolizava muita alegria por representar mão de obra disponível. Esta característica de trabalho familiar fez com que muitos municípios com características de colonização pomerana se tornassem pioneiros nas práticas da agricultura familiar, desenvolvendo formas de produção agrícola que são mantidas durante várias gerações.
Foto de Rafael Grigoletti, tirada em encenação da chegada dos imigrantes, dia 18 de janeiro de 2008, ocorrida
durante a comemoração de 150 anos de Imigração Alemã-Pomerana em São Lourenço do Sul.
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